sexta-feira, 16 de maio de 2008

ó subalimentados do sonho! a poesia é para comer

Hoje chorava contigo... Não de tristeza nem de perda, chorava de saudade, apertava-te de saudades que tenho tuas... chorava de dor de cabeça, de cansaço de achar que tudo está bem, de lutar... vou continuar a lutar, mas hoje precisava de um abraço daqueles de não desistas, daqueles de eu estou aqui. Nestes momentos lá vem a paz que o meu avô me dava, lá vem aquele choro de criança perdida, aquele choro de criança a quem chamaram para ir dormir, choro da birra de sono... de:

- Não,ainda tenho uma coisa para acabar, o monstro da areia perdido ainda não foi ter com os pais, ainda não os encontrou, preciso de o ajudar...
- Deixa, amanhã ajudas o teu amigo!
- Mas não, ele não pode ficar lá fora ao frio? Posso trazê-lo para dentro de casa?
- Não, nem pensar, vais sujar tudo cá dentro.
- Mas ele tem fome e frio, eu prometo que ele não suja, ele porta-se bem, dorme na casa de banho.
- Nem pensar! Amanhã acabas a brincadeira!
- Não é brincadeira, amanhã pode ser tarde, não tens pena? Olha se fosse eu que não vos encontrasse? e os pais do Areias me deixassem na rua? ficavas contente? ficavas?

Enfim... Era eu...

E o meu pai dizia, - "lá está a defensora dos fracos e dos oprimidos"...E sorria...
E o meu avô, dizia - "que imaginação",
E a minha avó ria-se.

enfim...

Mas papel de mãe... às vezes é ingrato, trazer-nos à terra, à realidade...


Sabes a aflição que temos quando um sonho está a correr lindamente e toca o despertador?
Ou a angústia de um pesadelo acordado no momento em que ias resolver a questão? É o que estou a sentir agora... misturado com uma sensação de paz, de serenidade, de cumplicidade, de energia... mas o choro está lá... de panela cheia pronta a derramar...

Mas é assim, quando deixamos de ser pequenos, o papel de mãe temos de nós próprios vigiar, controlar o sonho, permeá-lo à realidade, ou vice versa... Gosto de viver no sonho, às vezes penso se não devia... mas é tão bom entregarmo-nos ao Amor... que outro sentido tem a vida?

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