Triste e derrotado, o José decidiu partir para terras distantes porque não se atrevia a ir contra a decisão do tio.
Dirigiu-se ao cais e pediu trabalho num barco que fosse para bem longe.
Quando o barco estava prestes a largar, vieram avisá-lo que alguém o procurava. Era a Maria que não podendo viver sem ele, fugira da Quinta e o tinha seguido.
Partiram, casaram, tiveram 3 filhos e um dia, passados 5 anos, a Maria ao saber que o pai estava muito doente, quis visitá-lo.
De volta ao nosso país, dirigiram-se à Quinta. O José foi à frente temendo a reacção do tio Beltrão Juba de Leão e disse-lhe meio a medo, que a Maria estava no jardim.
- O que fez o tio Beltrão Juba de Leão quando soube que a Maria estava no jardim?
- Não acreditou!
"Impossível!" Rugiu o tio Beltrão na sua voz ainda temível, apesar da doença.
A Maria, desde que tu partiste, ficou de cama e nunca mais ouvimos a sua voz. Foi vista por todos os médicos, sábios e curandeiros mas ninguém lhe conseguiu arrancar uma palavra, um sorriso.
O José, sabendo que a Maria sempre estivera ao seu lado, insistiu para irem à janela. No jardim, junto à árvore de fogo onde nós subíamos em pequenos, lá estava a Maria com os 3 filhos, à espera de autorização para entrar e ir beijar a mão ao pai de quem tinha muitas saudades.
Então, para enorme espanto de ambos, vêem uma segunda Maria sair de casa em camisa de dormir, ao encontro da outra Maria que estava junto da árvore e fundir-se com ela num abraço para voltarem a ser apenas uma."
in Sinais do Medo
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