domingo, 11 de julho de 2010

A propósito de relações

"O nosso tempo era menos perigoso" "No nosso tempo os miudos andavam mais à vontade" "no nosso tempo haviam menos perigos" "com a tua idade já estava casado (a)" " com a tua idade já tinha 2 filhos" "Já podias ser pai/mãe"
Amostras de frases que ouvimos a toda hora.
Alguém consegue explicar o sentido das palavras, dinâmica, motivação, interesses, mudança, e até formatação.
Porque é que nos metem na cabeça que a felicidade é algo formatado e conotado com:
casamento, ser médico ou advogado, ter filhos aos 25, ser heterossexual, ter um emprego para a vida, comprar uma casa, viver na cidade, viver no campo, viver para sempre no mesmo sitio...

A Terra não pára de dar voltas, devagarinho, mas não pára... e nós embora estejamos distraídos vamos com ela... e estamos em constante mudança... os nossos interesses, as nossas emoções, as nossas necessidades mudam... mas a nossa mente estagna, a infelicidade para mim vem dessa disparidade entre o nosso ritmo interior e aquilo que achamos ou que nos dizem ser o certo. "Obrigam-nos" a parar quando sabemos que não é certo, e a certa altura quase nos convencem de que é isso que devemos fazer... ocorre-me uma imagem de um elástico agarrado a qualquer coisa, preso e um objecto a rodar... devagarinho e o elástico a esticar, esticar, esticar... quando mais esticado mais infelizes estamos, mas nos sentimos presos a algo que já não faz qualquer sentido. Até ao dia em que o elástico parte, cede... e levamos com um esticão que nos faz acordar...

Bem aventurados aqueles a quem o elástico cede.

Saramago numa entrevista disse " se tivesse morrido aos 63 anos, antes de conhecer a Pilar, teria morrido mais velho do que o que me sinto hoje"

Felicidade é ir ao encontro do que faz sentido por dentro, felicidade é aceitar. Felicidade é respeitar antes dos outros, a nós próprios. Até porque se felicidade para alguém é ter uma casa na praia, para outro pode ser ter uma casa no campo.
O que muitas vezes nos custa é aceitar que as pessoas que gostariamos que passassem a vida connosco, tem outra felicidade por dentro, a deles (as). O que faço quando sinto isso, é pensar como me sentiria se alguém me pedisse para mudar o que me faz feliz para fazer feliz a outra pessoa, mesmo com o argumento do "sermos felizes juntos". Isso chama-se egoismo, e não amor.

Um comentário:

supergato disse...

Concordo tanto contigo...!